Para uma solução condigna

Muito gostaríamos que este pudesse vir a ser apresentado, no futuro e mormente em época de eleições, como um caso de sucesso da actual governação.
Ou seja, que, apesar de não se ter preocupado devidamente e em tempo oportuno, com a solução a dar ao que provisoriamente ali ficara instalado, conseguiu, em escassas semanas e mercê da congregação dos esforços dos ministérios envolvidos, lançar mãos a uma solução condigna, que lhe enaltece a eficácia.

José d’Encarnação


27 junho, 2008

Agradecimento


Exmo. Sr. Deputado

Dr. José Moura Soeiro

Na minha qualidade de arqueólogo e de primeiro signatário e co-autor da petição respeitante ao previsível fim da biblioteca, arquivo e publicações do ex-Instituto Português de Arqueologia, venho agradecer-lhe todo o empenho que entendeu demonstrar, ao ter inquirido o Sr. Ministro da Cultura no passado dia 16 de Junho sobre este assunto, que a comunidade arqueológica nacional não pode deixar de considerar de extrema gravidade.

Além da questão relativa às instalações, não é de somenos importância o futuro, que se adivinha incerto, da "Revista Portuguesa de Arqueologia" e da série monográfica "Trabalhos de Arqueologia", respectivamente com 19 e 41 volumes publicados desde 1998 pelo ex-Instituto Português de Arqueologia, que intempestivamente foi alvo de lamentável extinção. Estas publicações tornaram-se fundamentais para o enriquecimento da biblioteca através do estabelecimento de permutas com instituições congéneres, tanto mais que a verba anual para a aquisição de livros, que, no IPA, era na ordem das dezenas de milhar de euros, foi, com o IGESPAR, simplesmente anulada.

Aproveito esta oportunidade para sugerir/solicitar a V.Ex.ª que se digne visitar as instalações do ex-IPA, espaço por enquanto ainda aberto ao público, a fim de tomar conhecimento in loco das reais dimensões do dislate que se avizinha. De resto, não seria a primeira vez que um Deputado do Bloco de Esquerda se deslocaria àquelas instalações, tendo os meus colegas do ex-IPA contado há alguns anos com a presença solidária da Sra. Deputada Alda Macedo.

Caso obtenha algum tipo de resposta do Sr. Ministro, a comunidade arqueológica e o país serão gratos por isso.

Renovando os meus agradecimentos pelo interesse manifestado por esta causa, apresento a V. Ex.ª os meus melhores cumprimentos.

26 de Junho de 2008

José d’Encarnação


26 junho, 2008

A informação não sabe nadar


Quando me deram a conhecer a petição em curso dirigida ao Ministro da Cultura sobre o futuro da biblioteca, arquivo e publicações do ex-IPA, além de a subscrever, dirigi uma mensagem sobre ela a todos os meus amigos e conhecidos que não são arqueólogos.

Porque esta não é (mais) uma questão de arqueólogos. É uma questão de salvaguarda de informação.

Como arqueólogos, sabemos bem que muitas vezes a informação por nós produzida é tudo quanto sobra de um sítio com ocupação humana antiga quando uma auto-estrada lhe passou por cima, a albufeira de uma barragem o submergiu. Mas talvez essa dimensão passe despercebida a outros que não sejam oficiais do ofício e é importante fazer passar essa mensagem.

Infelizmente não temos dados concretos, mas temos ideia que em Portugal neste momento se gasta muito mais dinheiro com trabalhos arqueológicos do que alguma vez aconteceu. E sobretudo dinheiro público, já que a grande maioria dos trabalhos arqueológicos, directa ou indirectamente, se faz no âmbito de obras públicas e estudos de impacte de grandes empreendimentos promovidos pela administração pública ou por empresas em que o Estado é o principal accionista. Ou, quando o financiamento é privado, também maioritariamente isso é consequência de condicionantes impostas pela administração central, regional ou local ao licenciamento de obras particulares.

Os mesmos poderes públicos que, por imposição das leis nacionais e convenções internacionais, determinam que se invista em trabalhos arqueológicos, preparam-se para deixar desmantelar o arquivo histórico da arqueologia portuguesa, a maior biblioteca especializada em arqueologia e para descontinuar a linha editorial que o Ministério da Cultura tinha dedicado ao património arqueológico. Preparam-se para afogar a informação produzida por décadas de trabalhos arqueológicos e para submergir dois importantes mecanismos de estímulo à investigação e à produção de novos conhecimentos e reflexões sobre informação arqueológica.

Como quero acreditar que o Estado continua a ser uma pessoa de bem, só posso achar que isto é resultado de alguma desatenção circunstancial. Alguém, sem dar conta, fez uma grande asneira que ainda pode ser corrigida. Tem que ser corrigida, sob pena de termos de considerar que o Estado assumiu a condição esquizofrénica de impor o investimento numa actividade destruindo simultaneamente o seu produto.

Enquanto cidadãos e não (só) enquanto arqueólogos, temos a obrigação de chamar a atenção do Estado de que não vale a pena investir em trabalhos arqueológicos sem salvaguardar a informação que a partir deles é produzida.

Maria José de Almeida

Presidente da Direcção da Associação Profissional de Arqueólogos

Pergunta do deputado José Moura Soeiro (BE) ao Ministro da Cultura


O deputado José Moura Soeiro (Bloco de Esquerda) dirigiu ao Ministro da Cultura um conjunto de questões sobre a situação das instalações da Biblioteca e Arquivo do ex-IPA (pergunta 1467/X/3 de 16 de Junho de 2008).
Esta informação, além do documento, pode ser encontrada em:

http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalhePerguntaRequerimento.aspx?ID=42497

Apresenta-se seguidamente o extracto do documento onde se encontram as questões colocadas.

O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda encontra-se em linha em:

http://beparlamento.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=4&Itemid=27

25 junho, 2008

À ÚLTIMA HORA

Consigne-se, antes de mais, que é erro dizer «à última da hora»: o da está a mais. Erro frequente este: o da frase e… o da atitude.

Habituámo-nos já a viver sob pressão, com prazos curtos a cumprir. Amiúde, aliás, os mandantes de Lisboa até nos remetem textos para apreciar tão em cima da hora que, como convém, nem tempo há para reflectir e dar parecer fundamentado. Prazos dilatados, por outro lado, também não interessam muito, porque… «ainda temos muito tempo!» – e lá vamos adiando...

Fala-se de «país adiado»; no nosso dia-a-dia, porém, nós próprios somos «adiados» («Logo se faz»…) e temos a distinta lata de criticar um senhor que foi empossado e fechou serviços sem pensar nas alternativas: «Fecha-se e logo se vê».

Neste momento, debate-se a comunidade arqueológica portuguesa com um problema assim. É que ao Ministério da Cultura foram emprestadas instalações a prazo, ali em Belém, e lá se ergueram serviços – como a preciosa biblioteca e demais secções do Instituto Português de Arqueologia – sem se anotar na agenda que, um dia, era preciso sair dali.

E esse dia chegou. Os verdadeiros «donos» do espaço querem dar andamento ao processo das novas construções, têm programado para Setembro o começo das demolições e… aqui d’el-rei, para onde é que vai a biblioteca?...

Ninguém, a nível dos mandantes, se havia disponibilizado para pensar nisso a sério!... «Logo se vê. O senhor ministro que vier que arque com o problema».

E, agora, têm a criança nos braços e não sabem que comida lhe hão-de dar.

Amigo, se quiser ajudar na «amamentação», vá a http://www.petitiononline.com/biblipa/petition.html e, se lhe parecer bem, assine. Em menos de duas semanas, ultrapassámos as 1200 assinaturas. É obra!

José d’Encarnação

Jornal de Cascais, nº 131, 17-06-2008, p. 4.

24 junho, 2008

Quem tramou o Arquivo da Arqueologia Portuguesa?

Tenho frequentemente reparado, no meu contacto com diversas instituições, que a questão dos seus arquivos é considerada uma questão menor ou, na melhor das hipóteses, subsidiária dos temas importantes que ali se tratam, discutem, decidem.

Não sei se isto acontece em outros países, e espero, sinceramente, que, mesmo em Portugal, existam instituições e entidades que dêem a este assunto a atenção que merece.

Não estou, aqui, a falar dos chamados Arquivos Históricos – estes já vão sendo objecto de uma outra atenção, quiçá devido ao ápodo “Histórico”, que lhes confere, logo, um outro valor… A minha maior preocupação prende-se, de facto, com os arquivos que ainda estão em uso, e que são a pedra basilar do correcto funcionamento de qualquer instituição. Como não sou arquivista não lhes vou dar nenhum tipo de designação específica, mas creio que todos terão entendido o que quero dizer.


Devido ao acima exposto, não me agrada muito, logo à partida, que o Arquivo da Arqueologia Portuguesa apareça designado por Arquivo Histórico da Arqueologia Portuguesa – embora compreenda a intenção, já que os processos que o compõem representam documentos insubstituíveis, em muitos casos (dada a ausência de publicação de resultados de muitas intervenções arqueológicas) para a história da Arqueologia nacional. Centenas de relatórios de escavação, por exemplo, contidos nos processos do Arquivo, são o único testemunho da actividade arqueológica desenvolvida em sítios sobre os quais não foi, como disse, até ao presente, feita qualquer publicação.

O Arquivo da Arqueologia Portuguesa, porém, é Histórico mas não só, o que lhe confere características particulares: ele é, simultaneamente, um Arquivo vivo, já que a maioria dos processos corresponde, por exemplo, a um sítio arqueológico específico, nada impedindo que um sítio intervencionado em 1949, por exemplo, o venha a ser, de novo, em 2008.

O meu maior receio, ao ler a tal designação “Histórico” é, assim, que, para os “não-iniciados”, o Arquivo possa ser encarado como algo para o qual é necessário encontrar um destino (espero que, no caso dos responsáveis do Ministério da Cultura, haja já, neste momento, a consciência dessa necessidade…), mas que poderá ser muito bem acondicionado e “arrumadinho” em qualquer parte, sem se garantirem as condições de acesso e consulta permanente que um arquivo com esta natureza terá, imperativamente, que ter.

Quando comecei a prestar funções no então Departamento de Arqueologia do IPPC, em data já longínqua, se calhar, para a maioria dos que me estão a ler, o Arquivo da Arqueologia Portuguesa encontrava-se, inclusivamente, disperso por diversos ministérios. Lembro-me, por exemplo, de ter ido ao Ministério da Educação localizar processos que aí estavam arquivados, trazendo-os para as nossas instalações, pois, dadas as vicissitudes por que passaram as questões da arqueologia a nível da administração central até à criação do IPPC, não existia um lugar único onde estes processos se concentrassem. Depois deste trabalho de pesquisa quase detectivesca, houve, seguidamente, que proceder à sua reorganização, já que, por vezes, existiam 2, 3 e 4 processos sobre o mesmo sítio arqueológico. Nesse trabalho ocupei longos dias de trabalho, dos quais nunca me arrependi, procurando contribuir para um arquivo que possuísse uma lógica interna, que fosse, numa palavra, eficaz. Estamos a falar dos anos oitenta do século XX, quando o António Carlos Silva era director do Departamento de Arqueologia do IPPC e todos acreditávamos que o futuro da Arqueologia portuguesa só poderia vir a ser cada vez melhor.

Até certo ponto, não nos enganámos e, com a criação do IPA e a realização de um conjunto de obras públicas de dimensão considerável à escala do nosso país, a Arqueologia conheceu um “boom” que, em certos aspectos, até hoje se manteve.

Esse aumento exponencial da actividade arqueológica ter-se-á traduzido, imagino, num aumento correspondente dos processos que integram o Arquivo da Arqueologia Portuguesa.

Hoje, com uma reestruturação da Administração Pública que todos desejávamos em abstracto mas que, infelizmente, no concreto, se tem vindo a traduzir, para a área que nos interessa, numa recomposição de serviços feita sem o necessário cuidado, com base em legislação contraditória e sem atender a aspectos essenciais que garantissem a operacionalidade dos serviços públicos na área do Património em geral e da Arqueologia em particular, todas as inquietações são lícitas, todos os cenários são possíveis.

Por isso considero necessário alertar, por todos os meios ao nosso alcance, as entidades com voto nesta matéria para que não tomem decisões precipitadas e encontrem, para o Arquivo da Arqueologia Portuguesa, a solução que lhe permita continuar a desempenhar o seu triplo papel: de repositório da actividade arqueológica, de elemento de consulta fundamental para investigadores e arqueólogos e de peça de uso quotidiano na gestão da arqueologia portuguesa.

Isso passará, em primeiro lugar, por encontrar uma localização para o Arquivo que lhe garanta condições ambientais adequadas, bem como acesso e consulta fáceis. O mesmo é dizer que essa localização terá que ser, necessariamente, próxima dos técnicos que com ele tenham que lidar quotidianamente. Seguidamente, e não menos importante, passa pela manutenção da unidade do Arquivo – considerar alguns processos “mortos”, arrumando-os em algum local mais ou menos inacessível, será, na minha opinião, um erro, já que nada nos garante que, no dia a seguir ao da sua arrumação, não venham a ser, por algum motivo, necessários. Finalmente, passará pela consciência de que uma qualquer reestruturação dos serviços da Administração Pública não pode ser regida por critérios economicistas de curto prazo, ou seja, que, por vezes, há que gastar primeiro para se poder poupar depois (é pena que a visão de um Duarte Pacheco não seja extensível a muitos daqueles que, depois, foram (des)governando este país). Neste contexto surge, para mim, como imperativa a necessidade de digitalização do Arquivo da Arqueologia Portuguesa. Isso permitiria o seu acesso e consulta, quer pelos órgãos da tutela com responsabilidades na Arqueologia, quer pelos investigadores, sem danificar o fundo original. Aqui, o “choque tecnológico” seria bem aplicado, contrariamente ao estado de choque em que todos vivemos, ao irmos tomando conhecimento do avanço inexorável do projecto a implementar nas instalações do antigo IPA, sem a correspondente informação quanto à nova localização e condições de funcionamento desse serviço. Num momento em que, nos diversos organismos do Estado, se fala tanto em Missão, talvez seja chegado o momento de se começar a falar, igualmente, em Visão…

21 de Junho de 2008

Susana Correia, Arqueóloga

23 junho, 2008

A inacreditável situação a que se chegou, no que respeita às instalações do extinto IPA

A inacreditável situação a que se chegou, no que respeita às instalações do extinto IPA, reflecte uma completa incompetência e irresponsabilidade por parte do Ministério da Cultura, que aceitou que o Ministério da Economia construísse um novo Museu dos Coches no espaço onde se encontram actualmente instalados, além da melhor Biblioteca especializada em Arqueologia, cedida pelo Instituto Arqueológico Alemão em 1998, e entretanto largamente enriquecida com o resultado das permutas dos 19 números da Revista Portuguesa de Arqueologia e os 40 volumes monográficos dos Trabalhos de Arqueologia desde então publicados pelo IPA, o que resta dos serviços daquele Instituto, nomeadamente:

- a Divisão de Arqueologia Preventiva, que coordena a intervenção no terreno das 10 extensões territoriais, serviço absolutamente essencial para assegurar o cumprimento da Legislação em vigor, relacionada com a salvaguarda do património arqueológico, e o cumprimento das exigentes directivas comunitárias nesta matéria, condição indispensável para a atribuição de fundos comunitários;
- o Arquivo da Arqueologia Portuguesa, onde se encontra depositada toda a documentação oficial referente a mais de 50 anos de investigação arqueológica;
- o Endovélico, uma base de dados que integra mais de 25.000 sítios arqueológicos, e que já registou mais de 120.000 consultas, e que constitui um elemento indispensável para a gestão e salvaguarda do património arqueológico;
- o Centro de Investigação em de Paleoecologia Humana e Arqueociências (CIPA), que integra os Laboratórios de Paleoecologia e Arqueobotânica, Arqueozoologia, Bioantropologia e Geoarqueologia e Paleotecnologia, que é o resultado do intenso trabalho de um pequeno grupo de investigadores, altamente qualificados em áreas absolutamente essenciais para a investigação arqueológica, e que já produziram mais de cinquenta relatórios especializados, disponíveis para consulta aos interessados,
- enfim, as instalações da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática, o único serviço responsável pelo inventário, investigação e gestão do riquíssimo património arqueológico subaquático existente ao longo da costa portuguesa, o qual é objecto da cobiça dos caçadores de tesouros de todo o mundo, em cujos laboratórios se conservam inúmeros vestígios de navios com centenas de anos, laboriosamente removidos do fundo do mar ou das zonas húmidas do litoral costeiro.

Tendo em consideração os compromissos políticos publicamente assumidos pelo governo de promover uma série de empreendimentos públicos, com o pretexto de assinalar o 1º Centenário da República, que ocorrerá dentro de apenas 27 meses (!), e que as eleições legislativas de que resultará o governo que irá comemorar o 5 de Outubro de 1910, terão lugar dentro de pouco mais de um ano, pelo que convirá ao governo que essas obras “de regime” estejam já adiantadas, aquando das eleições, configuram-se dois cenários possíveis:
Ou o governo, face à grave crise económica e social que se avizinha, recua nas suas intenções, dando mais atenção às pessoas do que ao betão, e põe de parte projectos megalómanos e de necessidade mais que duvidosa, como o famigerado novo Museu dos Coches (para já não falar do novo aeroporto, do TGV, e de outros tantos “elefantes brancos”, que o governo parece tanto apreciar) o que seria desejável, embora altamente improvável, e então haverá tempo suficiente para repensar toda a orgânica do Ministério da Cultura, e corrigir, na medida do possível, o completo disparate que foi a aplicação do PRACE;
Ou então, seremos mais uma vez postos perante um facto consumado (lembram-se da Casa de Garrett, demolida num fim de semana ?), que será o puro e simples e encaixotamento e desmantelamento de todas as infraestruturas penosamente construídas pelos arqueólogos, com o apoio do governo socialista, entre 1997 e 2002, aproveitando os meses do Verão, seguido da escavação, das fundações do tal Museu, longe da vista dos arqueólogos, não vão estes encontrar algo susceptível de atrasar as obras...

É claro que se esta última situação implicar a completa paralisação dos serviços de arqueologia preventiva durante alguns meses, isso poderá facilitar muito o avanço de inúmeras obras públicas e privadas e de alguns PINs ( ditos “Projectos de Interesse Nacional” !), tão acarinhados pelo Ministério da Economia e pelos seus “patrióticos” promotores, sempre tão preocupados com o “interesse da Nação”...

O pior é se depois os tão cobiçados milhões do QREN tiverem que ser devolvidos, por incumprimento da legislação comunitária, risco que o governo decerto não quererá correr.

Por isso quero acreditar, tal como o Prof. José d’Encarnação, que o governo irá decerto encontrar uma solução inteligente para o problema que criou.

Torna-se, assim, urgente, “ajudar” o governo a encontrar a tal solução, através de uma mobilização geral não só dos arqueólogos e do seu pequeno mundo, mas de todas as pessoas e entidades susceptíveis de impedir a consumação de mais um gravíssimo atentado à Inteligência, à Cultura e ao Património do país.

José Morais Arnaud, Presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses

21 junho, 2008

As sondagens geotécnicas para o novo Museu do Coches

As sondagens geotécnicas para o novo Museu do Coches já se iniciaram junto à Biblioteca sem qualquer aviso e sem que alguém se lembrasse de manifestar algum tipo de preocupação pelo contínuo incómodo causado a utentes e funcionários.





Isto, além de continuar evidenciar a gravidade da incerteza da situação, faz lembrar outros tempos onde se fazia um pouco de tudo aos indígenas…

Entretanto, José Miguel Júdice abandonou a gestão da “reabilitação” da frente ribeirinha, ver em:

http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=960366


19 junho, 2008

Já se preparam as obras

Ontem, 18 de Junho, foram iniciadas as sondagens geológicas em torno das instalações do ex-IPA, nomeadamente da Biblioteca de Arqueologia e do Arquivo do IGESPAR, acarretando naturais prejuízos causados pela poluição sonora a funcionários e utentes dos supracitados serviços.

Como será possível realizar em dois meses um encerramento apropriado com posterior reinstalação (sabe lá onde?) da biblioteca, do arquivo, das colecções de referência do CIPA, dos seus laboratórios, dos muito sensíveis espólios subaquáticos e das centenas de contentores das escavações do ex-IPPAR, etc.??????

Continuem a questionar o Senhor Primeiro Ministro e outras entidades acerca deste assunto.

Rui Boaventura

17 junho, 2008

Estranhos tempos em que voltámos a estes métodos antigos para fazer ouvir a voz da indignação

A comunicação social tem-se referido com alguma regularidade ao grande projecto de renovação urbana "Ajuda-Belém", tão grande que alguns já se lhe referem como a "obra do regime" socrático. Entre as muitas intervenções destaca-se a construção de um novo e faraónico Museu dos Coches, ali paredes-meias com o Palácio de Belém, frente à estação com o mesmo nome.

O actual Museu, como se sabe o antigo "picadeiro" familiar do Palácio Real que hoje alberga a Presidência da República, será por sua vez reintegrado na sua antiga função de "picadeiro", animado turisticamente, apesar de reconhecidas limitações de espaço, por apresentações da escola equestre portuguesa, actualmente sedeada no Palácio de Queluz.

Tudo isto que custará "milhões", dizem, mas será financiado com as taxas cobradas no Casino de Lisboa (o tal negócio público/privado…que levantou dúvidas mas de que não mais se falou) esperando-se que o novo "picadeiro" venha a ser uma montra do "Cavalo Lusitano" que ao que consta tem grande cotação internacional e poderá ajudar a equilibrar a nossa balança de transacções…

Por estas e por outras parece que estes projectos terão pouco a ver com o Ministério da Cultura (e ainda menos com este Ministro, como é que ele se chama?) e dependem directamente do Ministério da Economia.

Demos pois de barato toda a argumentação economicista e esperemos lá pelo novo Museu, que tem já arquitecto famoso contratado e tudo e esqueçamos os velhos do Restelo, sejam eles da Museografia ou do Património, que consideram um verdadeiro atentado a destruição de um dos mais antigos e mais visitados Museus de Lisboa, indo directo ao assunto que preocupa os "arqueólogos".

É que, segundo declarações recentes do Sr. Comissário do Projecto, o ex-Bastonário dos Advogados José Miguel Júdice, as obras do Museu (julga-se que as escavações e terraplanagens…) já deveriam ter começado.

E mais não disse, mas digo eu ou qualquer observador atento. Não começaram porque nesse mesmo sítio, antigas instalações do Exército, entretanto recuperadas e adaptadas, funcionam há uma década serviços insubstituíveis do próprio Ministério da Cultura, os quais no dia de hoje ainda desconhecem qual o seu destino imediato ou futuro.

Desgraçadamente não estamos a falar de simples repartições burocráticas, mas de serviços de utilidade pública.

Entre eles a melhor e mais completa biblioteca especializada de arqueologia do país (espólio do Instituto Arqueológico Alemão, oferecido pelo Governo Alemão a quando da extinção da sua delegação arqueológica de Lisboa e cujo destino normal teria sido Madrid onde o Instituto centralizou os seus serviços Ibéricos).

Depois, o arquivo histórico da arqueologia portuguesa e, por fim, todo um conjunto de laboratórios de apoio à investigação, onde se destaca pela complexidade das respectivas infra-estruturas, o laboratório de conservação e restauro do património subaquático.

Dir-me-ão que, com boa vontade e alguns meios, rapidamente se fará a mudança dos milhares de volumes da biblioteca, dos milhares e milhares de relatórios de escavações essenciais à produção de pareceres e actualização das bases de dados do inventário patrimonial.

É certo que já não será assim tão simples despejar os enormes tanques que conservam componentes únicas de naus quinhentistas, até porque estes terão de, rapidamente, ser de novo mergulhados em meio húmido sob pena de se perderem para sempre. Tudo seria de facto simples ainda que trabalhoso e caro, se, independentemente das decisões, houvesse de facto um qualquer "plano".

Mas esta é palavra desconhecida no Palácio da Ajuda, desde que o vendaval do PRACE entrou há um ano no Ministério da Cultura e virou a casa literalmente de "pernas para o ar".

De então para cá tudo o que aconteceu, para além de uma barafunda monumental cada vez mais intrincada e sem fim à vista, foi o despedimento inesperado (ou não) de uma Ministra e a contratação de um substituto pelo qual ainda não se deu.

Por todas estas razões, está em curso entre os arqueólogos a recolha de assinaturas em defesa da Biblioteca, do Arquivo e dos laboratórios do extinto IPA (Instituto Português de Arqueologia) para mais uma "petição" a dirigir ao Ministro da Cultura (deveria ser ao da Economia?).

Estranhos tempos em que voltámos a estes métodos antigos para fazer ouvir a voz da indignação.


António Carlos Silva, Arqueólogo

As notícias continuam

As notícias continuam, mas ainda não são boas notícias que os subscritores da Petição esperam para a Biblioteca, Arquivo e Publicações. Também aqui não nos podemos esquecer do futuro incerto para outras unidades orgânicas do ex-IPA com as instalações ameaçadas, como o CIPA e a Subaquática.


Um pouco de história recente. Em Abril anuncia-se o arranque da construção do Museu dos Coches em Janeiro de 2008:

http://dn.sapo.pt/2008/04/30/artes/novo_museu_coches_arranca_janeiro_20.html

Agora surge outro oportuno anúncio sobre o finalizado projecto:

http://jornal.publico.clix.pt/magoo/noticias.asp?a=2008&m=06&d=16&uid=&id=265135&sid=53763

Não se sabe se no meio deste projecto, em que o Ministério da Economia e da Inovação substituiu o da Cultura, haverá lugar ao realojamento das pré-existências...

16 junho, 2008

Mensagem a enviar ao Primeiro Ministro

Além da petição já em curso é necessário levar a questão da Biblioteca, Arquivo e Publicações do ex-IPA às várias entidades envolvidas de forma a consciencializá-las para o problema e para a necessária resolução.

Procura a seguinte mensagem, a remeter por e-mail ao Primeiro Ministro, com conhecimento às várias entidades, conseguir obter um compromisso sério quanto à reinstalação condigna e no mais breve espaço de tempo destas unidades e de forma a darem continuidade às respectivas acções.

Esta mensagem poderá ser reenviada a colegas e amigos, bem como ser divulgada em outros websites e blogues.



Texto da mensagem:

«Exmo. Senhor Primeiro Ministro,

Venho por este meio manifestar a minha grande e pessoal preocupação com o «destino incerto» que se antevê «para a Biblioteca, Arquivo e Publicações do ex-IPA, hoje IGESPAR, IP».


A Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2008, (D.R. n.º 94, Série I de 15-05), referente à requalificação e reabilitação da frente ribeirinha da cidade de Lisboa não prevê que com a construção do novo Museu Nacional dos Coches, que se iniciará já no próximo mês de Setembro com a demolição das instalações onde actualmente se encontram a Biblioteca de Arqueologia e o Arquivo Histórico da Arqueologia Portuguesa, tenha como contrapartida a urgente transferência e condigna reinstalação de ambas, correndo-se ainda o risco de incumprimento das condições da cedência da Biblioteca pelo Estado Alemão. Não bastam declarações de intenções, a manifestar a maior atenção e acompanhamento do assunto. O que a Biblioteca e o Arquivo, bem como os seus utilizadores, necessitam é de um compromisso sério e claro de todas as entidades envolvidas quanto à reinstalação definitiva e calendarização concreta da transferência e reabertura destas unidades fundamentais.
Também gostaria de referir a importância da actualização do acervo desta Biblioteca através de dois títulos de edição própria, a "Revista Portuguesa de Arqueologia", e a série monográfica "Trabalhos de Arqueologia", algo sobre o qual existem grandes incertezas, mas tem sido graças à permuta destas publicações que a biblioteca tem conseguido actualizar-se, algo impossível de acontecer com as diminutas verbas disponibilizadas no IGESPAR para a aquisição de novas obras.
Como não está prevista qualquer solução respeitante às instalações e publicações do ex-IPA, venho solicitar a V. Ex.ª a resolução deste assunto a contento de todas as partes, pois o mesmo interessa à comunidade científica e ao público, o que já se encontra demonstrado pelos mais de mil subscritores de uma petição online (http://www.petitiononline.com/biblipa), sendo na grande maioria estudantes, arqueólogos e professores universitários, nacionais e estrangeiros. São a credibilidade e a imagem de Portugal e da sua comunidade cultural e científica que estão em causa.»

O requerente,

Local, dia, mês, 2008


Entidade a enviar o texto:

- Gabinete do Primeiro Ministro pm@pm.gov.pt


Entidades a dar conhecimento:

- Ministério da Cultura infocultura@min-cultura.pt

- Gabinete do Ministro da Economia e Inovação gmei@mei.gov.pt

- Embaixada da Alemanha – contacto do website http://www.lissabon.diplo.de/Vertretung/lissabon/pt/Kontakt.html

- Directora do Instituto Alemão de Madrid marzoli@madrid.dainst.org

- Assembleia da República, Presidente da Comissão de Educação e Ciência jseguro@ps.parlamento.pt


English Version:

The petition headed by our colleague Prof. José d'Encarnação has already collected more than 1,100 signatures (http://www.petitiononline.com/biblipa), but more is needed. In this way, we are proposing that everyone send an email with the below suggested comments to the attention of the Prime Minister with CC: to the other institutions listed below as well as others that you may deem appropriate. As citizens of a global community, we have the right and the duty to demand competent and transparent management of public assets: in this case, the library, archives and publication of ex-IPA (Revista Portuguesa de Arqueologia and Trabalhos de Arqueologia) in which millions of euros have been invested.

Please forward this message to friends and colleagues as well as divulge it in other websites and blogs.


Message Text:

«His Excellency the Prime Minister, José Socrates,


I am sending you this email to demonstrate my great and personal concern with the uncertain destiny regarding the "Library, Archives and Publications of the ex-IPA, nowadays IGESPAR, IP."


The Resolution of the Ministry Cabinet n.º 78/2008, (D.R. n.º 94, Série I de 15-05) which refers to the improvement and reconstruction of the river front of the city of Lisbon, foresees that in this area where the Library of Archaeology and the above mentioned archives are currently located, the construction of the new National Museum of Coaches will have to be initiated, during this year, in order for the work to conclude in time for the commemoration ceremonies for the first centennial since the implantation of the Republic in 2010. Unfortunately it did not consider the urgent transference and reinstallation of both the library and archives and this may be an infrigment of the agreement between the states of Portugal and Germany concerning the 1999 cession of the German Institute of Archaeology in Lisbon.
It is not enough to make declarations of intent or just to say that the Direction of IGESPAR is aware of the problem and accompanying the situation. The library and its archives, as well as its users, need a clear and sound commitment from all the parties involved concerning a schedule for its transference and definite reinstalation of and access to this fundamental public asset.
Also I would like to refer to the importance of the permanent and necessary upkeep of the quantity of publications in this library that is basically guaranteed by the mutual exchange of publications, with hundreds of similar national and international institutions of archaeology, with its own edition of the "Revista Portuguesa de Arqueologia" and the monographic series "Trabalhos de Arqueologia". Such publications have played an essential role in the dispersion and dissemination of national archaeological activity over the last decade, which was impossible to achieve with the scarce funds available from IGESPAR.
Since there is no foreseen solution in respect to the installations and publications of ex-IPA, I am asking Your Excellency to resolve this subject to the satisfaction of all parties, since this is of interest to the scientific community as well as the general public. This is confirmed by the online petition (http://www.petitiononline.com/biblipa) that contains more than 1,100 signatures comprised mainly of students, archaeologists, university professors both national and international. It is the image and credibility of
Portugal and its cultural and scientific community that are at stake.»

The undersigned,

Place, month, day, 2008


Entitie to send email with suggested text:


- Prime-Ministers Cabinet pm@pm.gov.pt



CC to other institutions:


- Ministry of Culture infocultura@min-cultura.pt


- Minister of Economy and Innovation Cabinet gmei@mei.gov.pt


- German embassy in Portugal – website contact http://www.lissabon.diplo.de/Vertretung/lissabon/pt/Kontakt.html


- Director of the German Institute of Archaeology, Madrid marzoli@madrid.dainst.org


- Republic Assembly, President of the Commission for Education and Science jseguro@ps.parlamento.pt

Notícia no Público

http://jornal.publico.clix.pt/magoo/noticias.asp?id=264958&sid=53740

14 junho, 2008

Alguns e não poucos comentários

Apresenta-se, cronologicamente, uma selecção lata de comentários da petição que decorre online (http://www.petitiononline.com/biblipa/petition.html), com as ideias fortes que alguns signatários resolveram partilhar com todos.

«O "Destino incerto para a Biblioteca, Arquivo e Publicações do ex-IPA" é reflexo da incerteza de futuro para a investigação nacional. Que esta petição sirva de protesto contra a leviandade das decisões governamentais, e se torne num manifesto pesado a favor das boas obras.»

João Araújo Gomes, Arqueólogo

«Como estudante na licenciatura de Arqueologia (FCSH-UNL), subscrevo as preocupações deste abaixo-assinado. É necessário preservar este grande arquivo de informação, que é de grande ajuda para quem se está a formar nesta especialidade, e para a comunidade arqueológica em geral.»

Alexandre Richardson Fernandes, Estudante

«No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras. (Jacques Bénigne Bossuet [1627-1704])»

Hélder Teixeira, Estudante

«Que não saia do país! E não se desmembre!»

André Afonso Pereira, Arqueólogo

«Aqui do Brasil, somos solidários aos colegas portugueses pela conservação de todo acervo da biblioteca e sua manutenção.»

Moacir Elias Santos, Arqueólogo

«À biblioteca não é necessário fazer um contrato de avença, Sr. Ministro, basta acomodá-la num local condigno e permitir que cresça e seja fruída. Não estrangule a cultura em Portugal!»

Fernando Dias, Técnico de Museografia Arqueológica

«Once something like this is closed, it is usually hard (next to impossible) to reopen.»

Geoff Carver, Archaeologist

«Me adhiero a la petición mis colegas portugueses sobre la pervivencia de la extraordinaria Biblioteca de Arqueología. Como investigadora que he estado en Portugal con una Beca de la Fundación Calouste Gulbenkian para recoger documentación y analizar materiales para mi Tesis Doctoral, siento profundamente que por razones espúreas a las meramente científicas se pueda destruir un patrimonio que ha hecho de Portugal un punto de mira inexcusable para los investigadores europeos, y de manera muy especial, para los de España.»

Milagros Cavada Nieto, Profesora Titular de Historia Antigua

«La actividad bibliográfica del extinto IPA ha sido ejemplar, y fundamental para un mejor conocimiento de la Península Ibérica en la Antigüedad. Esperamos que se vele por su continuidad, así como por una digna sede para su Biblioteca.»

Alicia M. Canto, Profª Titular de Arqueología (Univ.Autónoma de Madrid)

«Rien ne peut se substituer à une bibliothèque.»

Patrick Le Roux, Professor Catedrático, Paris

«Fechar bibliotecas não é uma boa ideia.»

Juan José Alonso Braña, Arqueólogo

«These are sad times for archaeology in the Iberian Peninsula

Simon JM Davis, Zooarchaeologist

«Trata-se de uma biblioteca indispensável para o estudo da arqueologia em Portugal.»

Marc Mayer Olive, Prof. Catedrático da Universidade de Barcelona

«O encerramento desta biblioteca, constituiria mais um rude golpe na Arqueologia portuguesa, pelo que é indispensável assegurar a manutenção da sua integridade, a sua reinstalação urgente e reabertura ao público noutro local, pois de outro modo corre-se o risco de a mesma sair do país, por incumprimento das condições da cedência do seu núcleo inicial pelo Estado Alemão!»

José Morais Arnaud, Arqueólogo, Presidente da Direcção da Associação dos Arqueólogos Portugueses

«Archaeological research requires long-term access to these archives, material which is central to understanding Portugal's past.»

Steve Roskams, Senior Lecturer, University of York

«O encerramento da única biblioteca minimamente decente de Lisboa reforçará a centralidade de Madrid, onde nos teremos que deslocar para termos acessos a documentação necessária. Enfim, menos mal, que o gasóleo lá é mais barato...»

Rui Mataloto, Arqueólogo

«Não nos tirem os meios de aprender para poder ensinar.»

José Ricardo Hernandez Loureiro, Professor

«Cerrar una biblioteca es como desecar un río»

Juan Santos Yanguas, Catedrático Hª Antigua

«A sina do destino incerto propaga-se como mancha de óleo a muitos sectores do património. Hoje uma biblioteca, amanhã um Centro de Investigação (CIPA), depois um espaço magnífico onde poderiam ficar reunidos todos os serviços relacionados com a gestão do património e que hoje se encontram espalhados pela cidade, criando todos os dias enormes inconvenientes (e gastos também). Para quê? Para um Mega Museu, um Mega projecto quando os Museus já existentes precisam urgentemente de investimentos… Sim, um novo Museu dos Coches seria interessante mas nunca agora nesta conjuntura, é uma questão de bom senso.»

Maria Ramalho, Arqueóloga

«All of my dissertation research is to be carried out here. Portugal is just becoming an important area for Western Archaeology and reports are hard to access and spread throughout diverse and inaccessible sources - PLEASE do not close this library!!!! You will set Portuguese archaeology back decades.»

Katherine Marino, Student & Archaeologist

«Uma biblioteca é uma consciência. Defendê-la é defender a consciência, a ciência, a cultura e o saber e identidade de um povo, de um país de uma comunidade, mesmo que seja de nações.»

José Domingos, Jornalista - investigador e escritor

«É o único local do país onde se encontram os registos e relatórios da actividade arqueológica nacional após 1974. Muitos destes trabalhos ainda nunca foram publicados pelo que esta biblioteca do ex- IPA é em si de valor inestimável como local que alberga património "arqueológico" único.»

Maria de Jesus Sanches, Prof. Faculdade de Letras Porto

«A biblioteca do ex-IPA foi essencial para a elaboração da tese de mestrado que fiz, já que tinha livros que não estavam em outras bibliotecas.»

Susana Santos, Professora

«Não ao desinvestimento na Arqueologia Portuguesa»

Cátia Santos, Arqueóloga

«This valuable collection must be preserved and accessible to researchers.»

Robert Oldham, Archaeology Researcher

«É incrível o ponto a que as coisas chegaram!»

Mariana Nabais, Estudante

«Um Ministro da Cultura, sendo pessoa culta, tem de distinguir um novo Museu dos Coches da anterior Biblioteca do ex-IPA e de preservar esta, não alinhando nesta nova política de "obras públicas"...»

António Muñoz, PhD Arq UTL

«Devem providenciar um outro espaço imediatamente e em simultâneo com qualquer situação que esteja a ser equacionada ou já delineada.»

Rui Manuel Gaspar Cortes Guerreiro, Arqueólogo / Secretário de Vereação

«Acredito que seja possível encontrar uma solução para que a biblioteca continue a estar aberta ao público mesmo que noutras instalações.»

Mila Simões de Abreu, Docente universitária UTAD, investigadora

«…Los sacrilegios nunca tienen palabras que los definan…»

Rocio Alvaro Sanchez, Historiadora

«Aunque las circunstancias económicas no sean favorables, la cultura es lo primero para un país democrático, y destruir lo ya creado inútil y poco democrático.»

Rodrigo de Balbín Behrmann, Catedratico de Universidad

«It is very difficult to track down Portuguese publications abroad and this is a valuable resource for visiting archaeologists in Portugal

Prof. Ariane Burke, University of Montreal

«Las bibliotecas siempre serán una inversión de la humanidad y debe protegrese.»

Eduardo Corona-M, Arqueozoologo, INAH-Morelos, México

«I have made great use of the collection, do not let this happen»

Alberto Ferreiro, Research Professor, Seattle Pacific University

«Was ist das? Leider.»

Fernando Gonçalves

«La preservación de las bibliotecas especializadas es un deber de los Estados en vistas de garantizar el acceso al conocimiento y al patrimonio cultural a sus poblaciones.»

Marcelo Ulloque, Profesor de Historia de Grecia y de Roma en la Universidad Nacional de Rosario y en el Instituto Superior del Profesorado N° 5 Anexo Carcarañá (ARGENTINA)

«Alexandria Administrativa???»

Rui Manuel da Silva Rodrigues Ferreira, T. Prof. de Museografia

«Pela urgente reformulação da actual orgânica do Ministério da Cultura na área do Património.»

Paulo Pereira, Professor Universitário

«I have taught archaeology in Portugal under the European ERASMUS scheme. Archaeology in your country is thriving. SAVE this library!»

Anthony Legge, Professor of Archaeology

«This library is indispensable for the research on the archaeology of Portugal. I have used it many times and have benefited from its books and journals, some not found in other Universities, not even Oxford

Priscilla Lange, Archaeozoologist

«Esta biblioteca é absolutamente fundamental para todo o trabalho arqueológico.»

Maria Inês Correia de Barros Vaz Pinto, Arqueóloga

«Infelizmente o acesso à educação neste país está cada vez mais inacessível. Até as bibliotecas que segundo o manifesto da Unesco são para todos já fecham sem se pensar duas vezes, é de lamentar.»

Maria Armanda Teixeira, Técnica de Biblioteca e Documentação

«A Biblioteca e a Rev. Port. Arqueologia são instrumentos imprescindíveis para a investigação actual e para a sua promoção.»

Cândido Marciano da Silva, Professor Ap. Univ. Nova de Lisboa

«O museu dos Coches não é nenhuma prioridade! Está bem instalado, num edifício que dele faz parte. Há necessidades mais prementes na política museológica!!!! A ampliação do Museu Nacional de Arqueologia, por ex....»

Raquel Henriques da Silva, Prof. Universitária

«Desde España son muchos los colegas que utilizan este servicio de documentación.»

Juan Aurelio Pérez Macias, Profesor Titular de Arqueología

«As a scholar with ties to Portugal I find this situation of great concern and I urge you to do whatever is possible to keep these materials accessible to scholars and researchers.»

Dr. Kelly Wacker, Associate Professor of Art History

«A questão em apreço é de relevância nacional. Não podemos pactuar com retrocessos culturais e civilizacionais. Esperamos que se encontre uma solução que garanta a viabilidade deste património.»

ADERAV, Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro

«De lamentar que a sociedade civil tenha de recorrer a estes mecanismos para tentar a salvaguarda, óbvia de raiz, de semelhante património. O que andará nas cabeças dos senhores que, em última instância, são pagos para fazerem esse trabalho??»

Marisa Costa, Bolseira de investigação

«É nestas ocasiões que nos lembramos de Fahrenheit 451 (Ray Bradbury/François Truffaut). Vamos apelar aos bombeiros para apenas apagar fogos? ou cada arqueólogo vai ter de decorar uma obra da disciplina? Não: protestemos!»

Miguel Sousa Ferreira, Antropólogo

«Durante gerações construiu-se uma cultura patrimonial que estava a atingir um nível muito elevado e a aproximar-se da Europa, como foi o caso desta Biblioteca entre outros casos graves, nomeadamente a conservação de imóveis e a sua salvaguarda. No momento actual Portugal está a regredir na política patrimonial e a aproximar-se dos níveis muito elementares que eram normais nos meados do século XIX.»

Jorge Manuel Raimundo Custódio, Assessor Principal/Investigador

«This library is a very important resource for archaeologists working in Portugal or with Portuguese collections, and it should be made as readily available as possible to qualified researchers.»

Mary Lucas Powell, Ph.D., Bioarchaeologist

«Numa altura de crise em todos os sectores da sociedade, não entendo o enorme gasto de dinheiro no novo Museu dos Coches, tanto mais que, nos últimos anos, foram gastos muitos milhares de euros na requalificação da área onde se encontra a biblioteca e outros edifícios de serviços do extinto IPA. Já agora pergunto: Se há dinheiro para o novo Museu dos Coches, para quando as obras no Museu Nacional de Arqueologia?»

Silvério Figueiredo, Prof. Ensino Sup. / Arqueólogo


11 junho, 2008

O Ainda Destino Incerto para Biblioteca, Arquivo e Publicações do ex- IPA

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2008, (D.R. n.º 94, Série I de 15-05), referente à requalificação e reabilitação da frente ribeirinha da cidade de Lisboa, prevê a construção do novo Museu Nacional dos Coches no local onde se encontram as actualmente as instalações da Biblioteca de Arqueologia e do Arquivo do ex-IPA, actual IGESPAR, IP.
A demolição destes imóveis dever-se-á iniciar já no próximo mês de Setembro sem que tivesse sido prevista, até como contrapartida, a urgente transferência e condigna reinstalação destas duas importantes componentes de apoio à investigação.
Não menos importante é a necessidade da continuidade das publicações do ex-IPA, que permitiam, através de permutas, actualização do acervo desta Biblioteca através de dois títulos de edição própria, a "Revista Portuguesa de Arqueologia", e a série monográfica "Trabalhos de Arqueologia", algo sobre o qual existem grandes incertezas, mas tem sido graças à permuta destas publicações que a biblioteca tem conseguido actualizar-se, algo impossível de acontecer com as diminutas verbas disponibilizadas no IGESPAR para a aquisição de novas obras.
Como não está prevista qualquer solução respeitante às instalações e publicações do ex-IPA, um conjunto de cidadãos iniciou online uma petição, encabeçada pelo Prof. José d'Encarnação, solicitando à tutela a resolução deste problema, pois o mesmo interessa à comunidade científica e ao público em geral, o que já se encontra demonstrado pelos mais de mil subscritores da mesma, sendo na grande maioria estudantes, arqueólogos e professores universitários, nacionais e estrangeiros (http://www.petitiononline.com/biblipa).
Recentes declarações do Subdirector do IGESPAR, J. P. Cunha Ribeiro à agência Lusa (http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=349764&visual=26&tema=1na) na sequência da petição demonstram, nas suas entrelinhas, como a tutela [IGESPAR] se encontra "de pés e mãos atados" e que a questão tem de ser resolvida, rapidamente, ao mais alto nível, perante uma consciencialização para a gravidade da questão por parte dos vários membros do Governo nela envolvidos, nomeadamente o Ministério da Economia. Daí que as suas declarações se tenham, necessariamente, situado, num plano vago: pouco esclarecem e não avançam - nem poderiam avançar! - com garantias ou prazos claros para os destinos do espólio bibliográfico e arquivístico do ex-IPA e apenas se pronuncia acerca da política editorial do ex-IPA, sem uma perspectiva de conjunto.
Não bastam declarações de intenções, a manifestar a maior atenção e acompanhamento do assunto. O que a Biblioteca e o Arquivo, bem como os seus utilizadores, necessitam é de um compromisso sério e claro de todas as entidades envolvidas quanto à reinstalação definitiva e calendarização concreta da transferência e reabertura destas unidades fundamentais.